Inauguração
Para preservar a memória da fé
Museu do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe foi inaugurado neste domingo em cerimônia que encerrou a 36° Romaria em homenagem à Santa
Carlos Queiroz -
O domingo ensolarado em Pelotas foi de celebrações e novidades para os fiéis católicos. Durante a tarde deste domingo, foi celebrada uma missa que marcou a inauguração do Museu do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe. No acervo, estão presentes objetos da família Cordeiro de Moraes, que realizou a doação do terreno para a construção do templo, bem como do padre Léo Persch e do bispo emérito de Pelotas, Dom Jayme Chemello, além de lembranças de edições anteriores das Romarias. A cerimônia fez parte do encerramento da 36° Romaria em homenagem à Santa, considerada a padroeira da América Latina.
A inauguração aconteceu neste dia 12 de forma proposital, para que coincidisse com a data em homenagem à Nossa Senhora de Guadalupe. A proposta do museu é servir como um meio de preservação da memória da fé e resgate da história do Santuário. No espaço, há itens que relembram a doação do terreno, a atuação da Igreja através do templo e a construção do local. Através de banners, é contada a inspiração de Dom Jayme Chemello em tornar a santa presença da devoção mariana, bem como a ligação com Movimento Familiar Cristão. "O Santuário oferece diversos momentos de oração. Um desses locais é a preservação da memória histórica, através do museu. O museu conta desde a família que fez a doação do terreno, que veio das Ilhas Canárias, passando por toda a história da construção, o trabalho dos operários até chegar nas Romarias", afirma o reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, o padre Marcus Bicalho. Um mini documentário, produzido em parceria com a Universidade Católica de Pelotas (UCPel), também é exibido no local e traz relatos da comunidade.
O domingo marcou a primeira visita da professora Regiane Rubert, de 58 anos, ao local. Moradora do município de Vicente Dutra, ela conheceu o Santuário na tarde deste domingo. Devota da Virgem de Guadalupe, ela conta que o local é acolhedor e elogiou a iniciativa de contar essa história. "É bastante emocionante essa visita. A Nossa Senhora que eu sou mais devota é a de Guadalupe, que apareceu pra Juan Pablo, no México. Pra mim, é emocionante conhecer o Santuário, me traz lembranças boas junto com a Santa. É legal ver essa preocupação da Igreja em contar essas histórias", destacou. O comerciário José Carlos Barreto também passou a tarde no Santuário e afirmou que gostou bastante do espaço. "O museu agrega muito aqui. Eu gosto de vir pra cá, é um local acolhedor. O museu é muito importante nesse sentido", pontuou.
A ideia de desenvolver o museu surgiu dessa curiosidade dos fiéis. Segundo o padre Marcus, os turistas indagavam quando o prédio havia sido construído, a história do templo e não havia um local que contasse a trajetória do Santuário. "O museu surge de uma demanda dos fiéis", apontou. A estrutura da exposição, planejada com o museólogo da UCPel, Anderson Passos, ocupa quatro salas no prédio que anteriormente era o Solar da Cascata. No segundo andar, há uma capela que homenageia o índio Juan Diego, a quem Nossa Senhora de Guadalupe apareceu, com a apresentação do milagre, registrado no ano de 1531. A última sala do museu é um espaço dedicado às Romarias, com fotos dos fiéis e manchetes do jornal sobre a devoção mariana. "A última sala é a memória do museu, das 36 romarias. A primeira página do jornal que sempre noticiou as romarias, fotos dos romeiros, conta o padre Bicalho.
"O museu veio na hora certa"
Responsável por celebrar a missa especial no Santuário, o arcebispo metropolitano da diocese de Pelotas, Dom Jacinto Bergmann, elogiou a iniciativa e afirmou que é uma forma de valorizar os fiéis. "O museu chega na hora certa. Pra nós, preservar essa história é muito importante. Esse museu mostra para muitas pessoas que ainda vivem, que são romeiros desde a primeira edição, que elas são importantes e devem ser valorizadas. Foi uma ideia muito feliz", explicou.
Mudanças que vieram para ficar
O domingo marcou também o encerramento da 36ª edição da Romaria de Guadalupe. Momento de oração, celebração e devoção, a homenagem à Santa aconteceu em formato adaptado devido à pandemia. Como em 2020, foi realizado um evento oficial em dezembro, com presença de público reduzida, bem inferior aos cerca de 40 mil fiéis que compareciam presencialmente antes da Covid-19. Durante os últimos dois meses, o Santuário recebeu fiéis todos os dias em grupos de até 400 pessoas, em uma romaria "fracionada". Mudanças provocadas pela pandemia, mas que devem permanecer para os próximos anos. "A Covid trouxe mudanças nos comportamentos das pessoas e também da Romaria. Acredito que, a partir do ano que vem, devemos desenvolver um modelo híbrido. As Romarias nunca mais serão como antes, mas também não serão extensas como foi a de 2021. Traremos novidades para o próximo ano", contou o padre Bicalho.
A história de fé e peregrinação em Pelotas começou no ano de 1971, quando foi realizada a 3ª Conferência do Conselho Episcopal Latino Americana em Puebla, no México, onde o então bispo diocesano, dom Jayme Chemello, trouxe consigo a devoção à padroeira da América Latina. Alguns anos após, em 1985, a Diocese realizou uma consulta sobre a criação de um santuário mariano e de uma romaria anual. A proposta foi aprovada e a peregrinação ocorre desde então na cidade.
Horário de funcionamento
O museu já está aberto para visitação. Ele recebe turistas todos os finais de semana, em horários diferentes. Nos sábados, ele abre às 14h e, no domingo, as atividades iniciam às 9h. Em ambos dias, o museu fecha às 19h.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário